Em resposta ao Covid-19, 75% dos CEOs consultados nessa pesquisa da Zscaler aceleraram a transformação digital nas suas empresas. Para a maioria desses líderes, essas iniciativas não se restringem à tecnologia em si (como a adoção de inteligências artificiais ou internet das coisas), mas à capacidade de se manter avançando dado o cenário de incerteza. […]
Em resposta ao Covid-19, 75% dos CEOs consultados nessa pesquisa da Zscaler aceleraram a transformação digital nas suas empresas. Para a maioria desses líderes, essas iniciativas não se restringem à tecnologia em si (como a adoção de inteligências artificiais ou internet das coisas), mas à capacidade de se manter avançando dado o cenário de incerteza.
Para isso, devem levar em consideração as 6 dimensões que vamos apresentar a seguir.
Vamos te ajudar a definir uma nota para cada uma dessas dimensões dentro da sua organização. Depois disso você vai identificar quais áreas mais precisam da sua atenção, e a partir daí traçar as estratégias mais efetivas.
Já falamos aqui que a satisfação do cliente tem uma relação direta e muito forte com a transformação digital. Inclusive a centralidade do cliente é um dos pilares que as empresas priorizam ao iniciar seus esforços de transformação digital.
As mudanças na tecnologia, mais do que qualquer outra coisa, trazem novos padrões de comportamento do consumidor. Além de estarem dispostos a pagar 16% mais por serviços personalizados (fonte: Pwc), um estudo do MIT mostra que 60% das inovações nas empresas pesquisadas vieram dos próprios consumidores.
De acordo com Denis Caldeira, diretor de negócios para pequenas empresas para a América Latina dentro do Facebook, uma cultura de centralidade do cliente traz melhores resultados no médio e longo prazo. Uma cultura com foco maior nas vendas pode até trazer mais resultados no curto prazo, mas isso não é sustentável.
Um dos efeitos negativos de focar apenas na venda é que isso também gera um clima de competição, onde cada colaborador tenta se dar melhor que os demais. “Premiando a satisfação do cliente, vemos times muito mais colaborativos, onde todas as reuniões de governança são voltadas para ouvir o cliente e os feedbacks. Isso, por sua vez, leva a uma cultura completamente diferente.”
A satisfação do cliente, afinal, está diretamente associada a uma experiência positiva ao interagir com determinado produto ou serviço, o que perpassa toda a organização.
Esse é um dos principais motivos que leva as empresas a investir na experiência do cliente, aliás: aumentar a satisfação (Fonte: SuperOffice).
Os benefícios da transformação digital para o desenvolvimento de novos produtos e serviços vai além de atender os clientes da melhor forma, como já mencionamos no item anterior. Outras ferramentas como as metodologias ágeis, por exemplo, diminuem o ciclo de produção, permitindo testar ideias no mercado com mais velocidade e assertividade. Um exemplo de bom uso dessa dimensão é a Rolls-Royce.
Segundo esse relatório da Deloitte, depois de analisar os sensores dos motores de jatos que a empresa produz, a empresa conseguiu melhorar sua eficiência.
Isso, por sua vez, diminui os custos com combustível, o que lhes permitiu evoluir seu modelo de negócios para um sistema de assinatura ao invés de vender os motores. Isso é ainda mais crítico em situações de incerteza.
De acordo com José Roberto Paim Neto, líder de excelência de negócios na CPFL Energia, alguns profissionais focados têm um pensamento extremamente linear. “Num cenário de caos, eles ficam perdidos. Não sabem o que fazer. É aí que entra o papel do PO (Product Owner, dentro do Scrum), que é o responsável pelo produto.
Ninguém melhor do que ele para acompanhar toda a evolução do próprio produto. Isso considerando, claro, que conhece o problema do cliente melhor do que ninguém.
O PO, então, consegue dar um direcionamento mais claro sobre quais funcionalidades o produto deve ter, praticamente em tempo real, atuando de forma muito mais assertiva junto com o time de desenvolvimento.”
Sua empresa usa dados para criar novos produtos ou serviços?
Sua empresa tem uma mentalidade de experimentação?
Sua empresa é ágil para testar novos produtos no mercado?
Sua empresa tem a cultura do MVP (Minimum Viable Product) para ser pioneira no mercado e ter oportunidade de incremento contínuo do produto (de acordo com a experiência e feedback do cliente)?
Essa dimensão tem a ver com atrair, desenvolver e reter talentos num contexto global, digital e multi-geracional.
Esse artigo da Inc. chega a afirmar que não é a tecnologia nem estratégia, mas sim seu time que vai determinar o sucesso ou o fracasso dos esforços de transformação digital na sua empresa.
De acordo com um estudo da SAP, CMOs de diferentes indústrias reconhecem que a transformação digital não é apenas um “projeto do TI”, mas sim uma prática de redesign do negócio. 71% deles também dizem que a transformação digital ajuda a trazer os melhores talentos para somar à visão organizacional. Para a consultora Laís Machado, não se faz nada sem as pessoas.
“O trabalho que fiz para a Syngenta foi um dos mais bonitos da minha carreira. O chefe da divisão global me contratou para “abrir a caixa preta do TI”, porque ele tinha uma dificuldade considerável de implantar novas diretrizes na América Latina. O trabalho era tão complexo que precisei criar um plano diretor de TI regional para ser multiplicado globalmente. Fomos em todos os países, começando desde a estratégia e passando por cada área. Foi um caso do tipo que se vê em livros. Isso tudo, claro, só foi possível através das pessoas. O trabalho da liderança, nesse caso, funciona mais como uma força articuladora.”
Laís Machado
As pessoas na sua empresa têm o hábito de colaborar com departamentos diferentes?
Sua empresa oferece treinamento adequado para o time se atualizar em relação às novas possibilidades e tecnologias?
Como é feito o reconhecimento para colaboradores que trouxeram ideias relevantes para o negócio que não foram possíveis de implementar (por recursos, custos, etc)? Sua empresa traz visões de fora com novas perspectivas sobre o negócio?
A transformação digital também permite aumentar a flexibilidade e a eficiência do seu negócio. Quer uma ideia de como essa dimensão é importante? Os fluxos de trabalho inteligentes aparecem como o maior indicador de sucesso, independente do benefício analisado.
Paulo Guiné, líder de novos negócios para a Oracle na América Latina, conta que tem feito hackatons internas nas empresas para ajudar as empresas a repensarem suas práticas e processos. Sobre um de seus clientes, ele diz que:
“Vamos fazer um planejamento estratégico, um modelo de cenários de fluxo de caixa, e depois um processo de operacionalização de um projeto em curso. (…) Isso tudo ao vivo. Ou seja: vamos fazer com que eles percebam que é muito mais fácil lançar uma nota fiscal, por exemplo, numa solução construída para a web do que usando o modelo atual.”
Paulo Guiné
Sua empresa usa metodologias ágeis?
Sua empresa classifica os processos por relevância de impacto no negócio (para definir o que reter e o que terceirizar)?
Sua empresa tem processos adaptados alinhados com os mais recentes avanços tecnológicos?
Sua empresa usa automações?
Dados são uma das grandes forças da transformação digital, como já falamos aqui. Essa dimensão traz a questão do gerenciamento de informação para implementar as melhores decisões para o negócio.
O estudo da SAP mostra que as empresas líderes em transformação digital não estão apenas escolhendo as tecnologias mais modernas onde investir. Elas estão usando o poder do big data para criar uma estratégia vencedora para priorizar e investir em tecnologia.
Segundo Rodrigo Curi, executivo sênior, especialista em transformações complexas, os dados são essenciais, sobretudo, para você entender o momento do cliente. Ele conta que, quando estava se preparando para uma viagem internacional, recebeu um email de uma casa de câmbio que capturou seus dados de pesquisas online.
“Me mandaram cotações com meu perfil de compra, com a quantidade de dinheiro que eu comprei em outra viagem, e já tinham calculado o tempo que eu ia ficar fora. Eles já tinham feito a proporção de quanto eu ia gastar nessa viagem. Isso um mês e meio antes de eu viajar. Eles acharam o meu momento, entenderam o que eu precisava, e eu comprei na hora.”
Rodrigo Curi
Sua empresa investe em análise de dados e usa isso para guiar as decisões do negócio?
Sua empresa garante a participação de analistas nas conversas estratégicas?
Sua empresa tem clareza sobre as perguntas que devem ser respondidas antes de analisar os dados?
Deixamos a tecnologia por último. Ela é só um dos pilares da transformação digital, e tem tudo a ver com ter à sua disposição plataformas flexíveis, escaláveis, seguras, com eficiência de custos e que suportem seus processos.
O mundo está mudando, e é inegável o papel da tecnologia ao moldar nossa visão de futuro. Não atentar a isso é ficar alheio às transformações inerentes, não se adaptar de acordo e ser passado para trás. Os exemplos de empresas que saíram do mercado por se prenderem a tecnologias ultrapassadas estão por toda parte.
Um dos mais conhecidos é, provavelmente, o da Kodak. Como mostra esse artigo da Harvard Business Review, a queda da empresa não se deu pela falta de tecnologia acessível – mas pela crença errônea que não era preciso se atualizar.
Eles chegaram até mesmo a inventar a primeira câmera digital, na década de 70, e optaram por matar o projeto justamente para não canibalizar o negócio principal da empresa: a venda de filmes. Quando bem utilizada, a tecnologia pode (e deve!) estar a serviço das demais dimensões.
Sua empresa tem uma estratégia embasada para adoção de novas tecnologias?
Sua empresa tem um roadmap de TI, alinhando o uso das tecnologias com a estratégia de negócio no curto e médio prazo?
Você deve ter visto que, no começo desse artigo, colocamos um diagrama com cada dimensão da transformação digital. É importante agora que, com base em tudo o que abordamos aqui, você se dê uma nota de 0 a 3 em cada uma das 6 dimensões.
Isso vai lhe dar um norte em relação às áreas mais críticas para o seu negócio. Lembrando, claro, que não existe solução ctrl c + ctrl v, como já falamos nesse texto aqui.
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